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Os últimos atos – parte III

31/10/2014
Foto: Rubens Chiri - Site oficial do São Paulo FC

Foto: Rubens Chiri – Site oficial do São Paulo FC

Outro jogo na faixa das 20h. Sei da dificuldade de muitos, em São Paulo, para conseguir chegar neste horário no Morumbi.  Seja pelo horário do expediente ou simplesmente pelo nó no trânsito tão conhecido dos paulistanos. Mas essa faixa das 20h, pra mim, é excelente. Muitos também devem achar e mais uma vez, tivemos bom público no Morumbi. 22 mil pessoas.

Claro que com a arquibancada vermelha e principalmente, amarela, fechadas, o número fatalmente não seria esse. O que mostrou mais uma vez o quanto a direção foi equivocada em pensar no fechamento de todos os setores de arquibancada. Ainda mais quando estamos presenciando estes últimos atos do Rogério.

Não fomos tão fulminantes quanto no último jogo, mas o SPFC jogou uma bola primorosa no primeiro tempo. Ótimas jogadas do ataque, que se aproveitou da fragilidade defensiva do Emelec. E assim, construiu-se o 3×0 do placar. A sensação de todos era de “vira três, acaba seis”.

Mas, para dar emoção talvez, Muricy tirou o amarelado Maicon, deslocou o Hudson para o meio, o Paulo Miranda para lateral direita e colocou o Antônio Carlos no jogo. A defesa que nunca foi o nosso ponto forte na temporada e sempre quando entra o Tonhão, fica mais frágil ainda. Não demorou muito e o Emelec marcou dois gols, aproveitando-se disso. A culpa não foi só da defesa, deu uma pane geral no time mesmo e só não tomamos o gol de empate, pois Rogério estava lá. Para o prejuízo não ser completo, Tonhão marcou de cabeça, dando números finais à partida.

Quase tudo deu errado ontem em uma partida que parecia encaminhar-se para a tranquilidade. A disputa está aberta, mas temos uma boa vantagem para administrar no Equador. Só não relaxar como aconteceu ontem.

Na imprensa, a notícia eram os seis gols da partida e a ~falha~ do Capitão. Achei que foi falta de sorte na verdade. Acontece e quando a jogada começa numa cobrança de lateral cobrada na cabeça do adversário que puxou o contra-ataque, a culpa não deve cair nas costas do goleiro.

Mas enquanto Rogério estiver em campo, os abutres e amargos não descansarão. São tão testemunhas quanto nós da história e isso eles não podem negar.

Os últimos atos – parte II

28/10/2014
Foto: Rubens Chiri - Site oficial do São Paulo FC

Foto: Rubens Chiri – Site oficial do São Paulo FC

Nunca fui ao estádio numa segunda-feira. Em 2005 até poderia ter ido, quando remarcaram aquele jogo anulado contra o sccp, mas eu não quis. Por culpa do Romeu & Julieta no sábado e pela falta de datas, devido ao 2º turno das eleições, marcaram o jogo contra o Goiás para o primeiro dia útil da semana.

Foi bem estranho partir pro Morumbi em um dia da semana que não é o de costume. Geralmente as segundas, pra mim, são carregadissímas, com muitas tarefas no trabalho e a única vontade que sempre dá é de voltar pra casa o mais rápido possível.

Mas o jogo de ontem era especial – assim como serão todos os outros até o final do ano – e essa foi a motivação necessária para estar presente. Talvez tenha sido a motivação necessária de 32 mil são-paulinos, que às 17h30 já enchiam os ônibus e tomavam as avenidas a caminho do Morumbi.

Minha expectativa de público era menor, mas a cada grupo de são-paulino que eu avistava, ela aumentava aos poucos. Os torcedores não paravam de chegar e mesmo com a bola rolando, os espaços vazios das arquibancadas iam se preenchendo. Muitos não viram o início fulminante do SPFC, que em 6 minutos, balançou a rede duas vezes, com Edson Silva e Luis Fabiano.

A partir dali, o SPFC não foi tão incisivo quanto nos primeiros minutos e administrou a situação, apesar de algumas tentativas do Goiás em esquentar o jogo. E nesta calmaria toda, Alan Kardec pôs fim ao seu incômodo jejum.

Devolvemos um 3×0 bem chato de quatro anos atrás, que tava entalado na minha garganta como um dos piores jogos que já assisti e de quebra, pude testemunhar outro momento histórico.

Rogério consagrou-se como o jogador que mais venceu jogos competitivos por um mesmo clube. 590 foram as vezes que sorrimos com ele em campo vestindo nossa camisa. Mais do que os torcedores do Manchester United sorriram com o Giggs em campo.

Jogos especiais e históricos, como o de ontem, dão aquela impressão de que somos privilegiados. Mais ainda quando é possível conferir isso de perto. Aí, amigo, não há segunda-feira ou qualquer outra coisa que impeça.

Foto: Rubens Chiri - Site oficial do São Paulo FC

Foto: Rubens Chiri – Site oficial do São Paulo FC

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Pra quem é de twitter, recomendo seguir o @SPFC_gifs. Os melhores momentos de ontem e de hoje, em gifs.

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E se o Aidar tivesse realmente fechado as arquibancadas ontem? Provavelmente muitos nem se assanhariam a ir. Abrir as arquibancadas, sobretudo a amarela com preços populares, ajudou muito com os números de público ontem. Espero que nunca mais tomem essa equivocada decisão.

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Ontem, exatos dez anos após a morte do Serginho, do São Caetano, a bola coincidentemente rolou no Morumbi. O amigo Alexandre Giesbrecht conta como foi este fatídico jogo no Jogos do São Paulo.

Os últimos atos – parte I

20/10/2014
Foto: Rubens Chiri - Site oficial do São Paulo FC

Foto: Rubens Chiri – Site oficial do São Paulo FC

Muitos são-paulinos ainda não se deram conta que temos menos de dois meses para aproveitar a presença de Rogério Ceni entre nós. Claro que, após nosso Capitão pendurar suas luvas e chuteiras, contaremos com sua onipresença. Mas não nos representando dentro de campo.

Confesso que eu também esqueço que estamos presenciando os últimos atos de uma mítica jornada de um atleta com a camisa de um clube. Há alguns anos sempre falamos da aposentadoria do Rogério, mas como algo impalpável, distante. Não é mais. É concreto e Ele mesmo faz questão de confirmar sua decisão em encerrar a carreira, no fim desta temporada.

A caminho do Morumbi, no sábado, fui pensando nisso. Prometendo a mim mesmo que estarei presente em todos os jogos em casa até o final do ano (algo que não sei se conseguirei cumprir por questões dos indecentes horários no meio da semana). Relembrando grandes momentos que pude presenciar e outros que não (como o centésimo gol, por exemplo). Fazendo as contas para comprar a camisa que Ele está usando este ano e não ferrar com meu orçamento.

Esperava que o Morumbi não estivesse cheio, mas quando cheguei ao estádio, faltando menos de vinte minutos para a bola rolar, vi que a fila da bilheteria estava gigantesca e o movimento era grande. 22 mil pessoas foi pouco para quem está na vice-liderança do campeonato e para um dos últimos jogos do Rogério no Morumbi. Mas vamos dar um desconto pelas duas arquibancadas fechadas e pelo aumento do ingresso e botar na conta da diretoria.

O clima estava ótimo, o papo na arquibancada com os amigos também. Na partida, o SPFC manteve a posse de bola, mas faltava capricho para marcar o gol (como vem faltando em vários jogos em 2014). Talvez porque estivesse tudo escrito já: o primeiro gol seria do Capitão.

Lá pelos trinta e tantos minutos, falta na entrada na área. E lá veio o Rogério. Amigos lembravam que o último gol de falta d’Ele no Morumbi foi na estreia do Rivaldo,contra a Linense, em 2011. Eu nem imaginava que fazia tanto tempo, mas uma hora esse “jejum” acabaria.

O árbitro, que junto com seus auxiliares causaram o jogo todo, deu sua encenada, que serviu só pra aumentar a expectativa da torcida. Celulares e câmeras preparados, olhos arregalados. Ninguém queria perder aquele momento. A bola passou da barreira, bateu na mão do goleiro do Bahêa e estufou a rede lateral.

Foi diferente a comemoração. Afinal de contas, este pode ter sido o último gol de falta do Rogério no Morumbi. E mesmo que não seja, a torcida entendeu o recado que tudo está chegando ao fim e comemorou como se fosse o primeiro.

Por mim, o jogo teria acabado com a gente ali vibrando e celebrando no resto dos minutos. Mas teve jogo, que continuou com a falta de capricho, com um belo gol do Ganso e com um gol no final só pra ter mais emoção. Mas nada estragaria aquela noite.

Espero de verdade que a torcida tenha compreendido este momento histórico e que nesta reta final de temporada e de carreira do Capitão compareçam ao Morumbi. Claro, existem os “esforços” da diretoria, que até agora não se pronunciou sobre o motivo que levaram a não vender ingressos para as arquibancadas contra o Goiás. Mesmo assim, todo esforço da torcida é válido.

Serão momentos únicos, que servirão de história para as próximas gerações de são-paulinos.

 

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Aqui, o ótimo texto do Mauro Beting que aborda sobre a falta do Rogério.

A derrota do pessimismo em Porto Alegre

08/10/2014
Foto: Rafael Techima

Foto: Rafael Techima

O objetivo da viagem era esse: encher a barriga com muito churrasco, a ponto de jiboiar nas arquibancadas da Arena do Grêmio e não ter forças pra se estressar com mais um revés do SPFC. Tem que ser louco mesmo pra se debandar pra Porto Alegre, tendo quase certeza que a vitória era improvável.

Sempre fui pessimista com relação a tudo na vida. Quando algo bom está prestes a acontecer, não consigo pensar em outra coisa a não ser que vai dar tudo errado e que vou ter que amargar mais uma entre tantas decepções. Tudo bem que as decepções até me fortalecem, me transmitem lições, mas elas não diminuem ou cessam. É sempre uma atrás da outra.

Com o SPFC não é diferente, principalmente nos últimos anos. Quando embalamos uma boa
sequência, já desconfio, pois sei que ela não vai durar muito tempo. Foi o que aconteceu recentemente até a vitória contra o Cruzeiro. 4 jogos sem vencer, interrompidos
por uma vitória nada convincente sobre o Huachipato, pela Sul-Americana, no Morumbi.

O cartel recente, os desfalques e todo meu histórico de pessimismo não faziam com quem eu
pensasse num resultado diferente de derrota no Sul. Claro que estava empolgado com a viagem e com a possibilidade de conhecer mais um estádio, mas não com o time.

Quando pisamos em Porto Alegre, deu tudo certo. Desde a aquisição do ingresso, na
bilheteria da própria Arena até a ida à churrascaria. E claro, enchemos a barriga como
previsto ao ponto de ficarmos sem forças pra fazer qualquer coisa. Mas um jogo nos esperava.

A Arena do Grêmio estava cheia. Sempre conhecida como uma torcida vibrante, não achei ela
tudo isso. E não é nem por culpa dela. Talvez a mudança para o estádio novo tenha matado um pouco a essência. Sem contar a elitização que estes novos estádios e suas respectivas
administrações promovem.

Quanto ao jogo, pressão inicial do time local, mas equilibramos a partida, terminamos bem o
primeiro tempo e algo me dizia que o resultado ali poderia ser diferente daquele que
imaginei.

O ritmo se manteve no segundo tempo e numa excelente jogada envolvendo Maicon, Kaká e
Kardec, o último sofreu falta dentro da área. Taca-le pau, Rogério véio!

A partir daí, o Grêmio partiu pra cima, mas sem a contundência do início da partida e
administramos o resultado com uma ligeira tranquilidade. E como bem sabemos, o resultado foi diferente daquele que imaginei. Melhor que o esperado. Três pontos na mala e uma satisfação gigantesca. Valeu a pena botar em prática o que parecia loucura.

Para fechar bem o dia, embarcamos para São Paulo com grande parte do time, coincidentemente, no mesmo vôo. Deu tempo de tirar fotos com o Capitão e o Kaká, que ao chegar no aeroporto foi cercado de gremistas, que queriam fotos e autógrafos do nosso camisa 8.

Se há uma lição que tive com essa viagem foi que pessimismo demais é desnecessário e que é possível manter um pouco de esperança, mesmo que seja mínima. Que é melhor surpreender-se do que decepcionar-se. E mais uma vez, é o SPFC que me ensina isso. A arquibancada é um dos melhores formadores de caráter existentes.

Morumbi: é muito além de simplesmente frequentá-lo

02/10/2014
Foto: Divulgação / Morumbi Tour (www.morumbitour.com.br)

Foto: Divulgação / Morumbi Tour (www.morumbitour.com.br)

Hoje, 02 de outubro, o Morumbi completa 54 anos. Mas este texto não tratará de contar histórias envolvendo as glórias e os craques tricolores que no gramado santo deste templo
brutalista passaram. Prefiro, desta vez, contar o que o Estádio Cícero Pompeu de Toledo me
ensinou.

O meu primeiro jogo na arquibancada não foi lá. Foi no Pacaembu. Mas minha primeira partida em casa foi um clássico, em 1997: Palmeiras x São Paulo (sim, o mando era do rival), pelo Campeonato Paulista. Perdemos, por 1×0.

A derrota não fez com que eu desanimasse e a vontade de voltar era maior. Meu tio, que
sempre prometia me levar aos jogos, nunca podia. E com o tempo que morei no interior, só
pude voltar 3 anos depois. E  pra ver o SPFC ser campeão. Paulista, com gol de Rogério e tudo.

Deste jogo em diante, algumas idas esporádicas até começar a ganhar meu próprio dinheiro e bancar os meus ingressos, o que tornou minha presença cada vez mais frequente. Jamais imaginaria quando tomei a decisão de acompanhar meu time da arquibancada que eu viveria uma experiência única, que vai além de estar ali, vendo a história acontecer.

Foi nas arquibancadas do Morumbi que conheci muita gente e que também encontrei outros tantos que a internet fez o favor de aproximar, pelo bem comum. Foi lá que aprendi a amargar dissabores, lidar com fracassos, saber perder e também saber ganhar, aproveitando o doce e efêmero sabor de uma vitória. Aprendi o que é o amor incondicional e o que é o ódio. A ser leal, a ser parceiro – do time, em todos os momentos, e dos amigos, que compartilham as mesmas angústias ou as mesmas alegrias.

Aprendo até hoje com as experiências de cada um dos amigos e torcedores, que tem convicções e histórias diferentes uns dos outros, mas que deixam tudo isso de lado quando o SPFC precisa do nosso apoio.

Pisar nas arquibancadas do Colosso de Concreto é ir além de simplesmente ver uma partida de futebol. E só quem frequenta o Morumbi, em dia de jogo, entende o que é isso. Não adianta explicar a quem prefere sentar no sofá.

Tal como meu pai, que também nasceu em 1960, o Morumbi me transmite valores e ensinamentos para eu carregar por toda minha vida. Estar no Morumbi, junto com o São Paulo Futebol Clube, é como receber um abraço carinhoso do velho. Por isto, não pretendo deixar de frequentar o Morumbi tão cedo.

Parabéns, Morumbi. E muito obrigado, por tudo.

Um dia em Itaquera

22/09/2014
Foto: Rafael Techima

Foto: Rafael Techima

Não fazia sentido nenhum, mas para chegar no Itaquerão, que fica de 15 a 30 minutos distantes da minha casa – dependendo do meio de locomoção utilizado – precisei ir até o centro pra depois voltar à Zona Leste. Tudo em nome da segurança, pois um trem exclusivo para a torcida partiria da estação da Luz direto para a estação Dom Bosco.

Nos encontramos bem cedo na região da Paulista e de lá, descemos de metrô até a Luz. Esperamos um pouco mais de uma hora e minutos depois do meio-dia, o trem partiu. Viagem tranquila até os arredores do estádio. Passando pela estação Itaquera, os corinthianos que ali já se concentravam eram xingados por nós e revidavam. Metros a frente, pedras e rojões nos deram as boas vindas.

Após desembarcarmos na estação Dom Bosco, tomamos as ruas do bairro e viramos atração. Todo mundo nas portas de suas casas ou nas calçadas em frente ao comércio, tirando fotos e mostrando orgulhosos suas camisas do SPFC. Sim, não somos a maioria na Zona Leste, mas somos muitos lá.

Foi uma longa caminhada, com várias paradas, que atrasava ainda mais nossa chegada ao estádio. Mesmo assim, chegamos com bastante antecedência (14h30).

Que estádio feio, bicho. Feio e mal acabado, parecendo a Vila Belmiro com mármore, como disse um rapaz lá. As estruturas metálicas temporárias para a Copa ainda estão em desmontagem, o que dá um aspecto mais grotesco ao Itaquerão, que parece tudo, menos um estádio de futebol.

Nossa torcida estava animada ontem, mas focou bastante nas provocações com tons homofóbicos. Como era esperado, os corinthianos revidaram no mesmo nível, não seguindo o manifesto emitido pelo clube, dias antes.

Até o momento em que duas organizadas deles se enfrentavam na arquibancada oposta, estava tudo perfeito. Mesmo com o erro da arbitragem ao marcar o pênalti do Antônio Carlos, estávamos à frente no placar, mas uma falha na marcação deixou o centroavante deles cara a cara com o gol e Alvaro Pereira, raçudo porém estabanado, fez o pênalti, foi expulso e com o empate, tudo mudou. As peças que já não estavam muito bem não reagiram, o time da casa tomou conta da partida e foi uma questão de tempo a virada acontecer.

Achei que faltou capricho quando o placar era favorável e isso nos custou caro depois. Que a arbitragem tem sua parcela de culpa, não tenho dúvida, mas não podemos usar isso de cortina de fumaça e esconder alguns problemas que o time enfrenta.

Com a derrota do Cruzeiro no clássico mineiro, a diferença continua de sete pontos, mas temos agora o Inter e o próprio sccp no nosso cangote. Seis pontos contra Flamengo e Fluminense em casa são fundamentais nos próximos jogos.

Quanto a saída do estádio, não demoramos muito lá dentro, devido ao escoamento rápido da torcida local e ao tempo da caminhada que enfrentamos na volta.

Perdi um dia inteiro praticamente por conta do jogo. Parece loucura, mas foi só um dia acompanhando o SPFC. Ganhando ou perdendo, o importante é estar junto.

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O amigo Claudio Barry também esteve em Itaquera e fez alguns apontamentos interessantes.

Quando o pouco é muito

18/08/2014
Foto: Julio Anderson Nunes

Foto: Julio Anderson Nunes

Ontem, logo após acordar, dei aquela acessada básica nas redes sociais e nos recados do Whatsapp e caí num texto do Ugo Giorgetti, no site do Estadão (que também deve ter sido publicado na edição impressa do jornal na mesma data).

O Ugo Giorgetti há um bom tempo mantém essa coluna e o assunto recorrente e predominante é o futebol. Ugo é diretor do filme “Boleiros“, o melhor filme sobre futebol feito no Brasil e também dirigiu sua sequência, não tão brilhante quanto o primeiro filme, mas tão bom quanto. Só por estes motivos, Ugo é um cara que merece ser ouvido (no caso, lido).

Sua última publicação em sua coluna questiona quem são e o que motivou os quase 8 mil torcedores irem ao Morumbi na partida contra o Bragantino, que nos eliminou da Copa do Brasil em uma noite gelada.

No parágrafo que fecha o texto, Ugo conclui:

A essência do futebol, no entanto, o que mantém o futebol brasileiro vivo, apesar de tudo, não são os 40 mil do domingo ensolarado, mas os 7.522 da noite horrível de quarta-feira.

No último jogo que fui ao Morumbi, contra o Vitória, conversava com os amigos sobre o público padrão dos jogos vazios, algo em torno de 8 mil pessoas e os rostos conhecidos que ajudam a compor este número. Sejam eles da arquibancada, dos arredores do estádio ou frequentadores assíduos do Seu Brasil, por exemplo.

Não, estes 8 mil não são mais torcedores que os outros milhões que compõem a nossa torcida, mas merecem o nosso respeito, pois quando o SPFC mais precisar, são estes 8 mil que não deixarão o time sozinho. É quando o pouco é muito. Por essas e outras, há quem prefira as partidas disputadas com o Morumbi vazio aos jogos com as arquibancadas abarrotadas de gente.

Alguns destes 8 mil de sempre estiveram no Pacaembu ontem e testemunharam mais uma vitória frente aos verdes da Turiassu. Dentro de campo, o pouco também foi muito. Não precisamos realizar um esforço descomunal para derrotar o rival e o trio de arbitragem. Não fomos excepcionais, mas jogamos o suficiente pra nos aproveitarmos dos erros deles e garantirmos três pontos mais.

Lembrem sempre que há alguém jogando uma bola mais mixuruca que a nossa pelos lados da Pompeia. A diversão é garantida.

Em algumas situações, precisamos de pouco pra fazer a diferença. Ontem foi um dia que não faltaram exemplos.

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Antes que me esqueça: vai tomar no cu, Lucimar!
 

Batam palmas para o fracasso!

14/08/2014

O SPFC foi eliminado da Copa do Brasil pelo Bragantino, perdendo por 3×1 em pleno Morumbi. Pela terceira vez seguida, por um time de menor porte. Não há absolutamente nada que desabone esse vexame.

Com essa eliminação, disputaremos a Copa Sul-Americana, que devido ao regulamento mal feito pela CBF, virou uma espécie de prêmio ao fracasso. Não tenho nada contra a competição em si. Acho bem legal e pra mim, teria que ser disputada paralelamente a Libertadores, nos moldes da Europa League em comparação com a Champions League.

Mas, com os moldes atuais de classificação a competição impostos pela CBF, “conquistar” a vaga através de uma eliminação desprestigia demais a disputa do torneio, mesmo que ele leve a disputa de outros torneios internacionais que podem render grana aos cofres do clube.

Entretanto, discutir as nossas preferências por torneio x ou y torna-se inútil quando o jogo é jogado. Não acho que o SPFC tenha preferido jogar a Sul-Americana e por conta disso, entregado o jogo ao Bragantino. Perdemos ontem porque o time é ruim mesmo. E mal treinado, mas muito mal treinado. Não é normal ficarmos apreensivos, cada vez mais, com cada bola que é alçada à nossa área.

Junte este problema com o fato de termos jogadores taxados como craques e diferenciados, mas que não são capazes sequer de chamar a responsabilidade. Ninguém no Brasil tem um time com 11 craques, mas dois ou três podem ditar o ritmo do time e fazer com o que o resto jogue bola.

Os sinais de alerta foram disparados o ano inteiro, mas parece que ninguém pelas bandas do Morumbi ou Barra Funda quer ver. Ou fingiram que não viram, mas preferiram viver num mundo de faz de conta. A torcida, felizmente, não embarcou nessa.

E após colecionarmos mais um fracasso, em nossos domínios, somos “premiados” com a vaga pra Sul-Americana. Com esse futebolzinho de quinta, passaremos um novo vexame e se bobear, no Morumbi, frente a outro time brasileiro.

Há quem comemore o fato da eliminação na Copa do Brasil nos levar a Sul-Americana e eu sou incapaz de compreender isso, mesmo com os motivos expostos nos parágrafos iniciais. Como torcer para o time que foi premiado pelo seu fracasso? E como achar boa essa situação?

Sei que isso vai contra os meus princípios e vai doer bastante, posso até me arrepender, mas não vou bater palma pra prêmio de consolação, não. Não comparecerei aos jogos da Sul-Americana.

Não incentivo ninguém a fazer isso. Essa é só uma resposta a tudo que vimos nos últimos tempos: de regulamentos esdrúxulos a um time incapaz de reconhecer as cagadas que fez e reagir. Passando pela falência do futebol brasileiro como um todo. Foi a única forma que encontrei.

Pra continuar sendo feito de trouxa, ainda tenho o Campeonato Brasileiro, que pretendo comparecer regularmente, sempre que eu puder.

Aplaudir o fracasso é algo que nunca vai entrar na minha cabeça. Parabéns aos responsáveis!

Passionalidade x Racionalidade

11/08/2014
Foto: Rubens Chiri - Site oficial do São Paulo FC

Foto: Rubens Chiri – Site oficial do São Paulo FC

Após as últimas exibições, principalmente, as realizadas em casa, é muito aceitável uma opinião passional que diz que ninguém no time presta. Assim como é bastante aceitável ser mais racional e dizer que nem todos merecem nossas cornetadas lá da arquibancada.

Sempre achei que o torcedor de futebol é o ser mais incoerente que existe. Como não dá pra separar a paixão pelo time de qualquer opinião relacionada à ele, podemos errar a mão nas análises, sejam elas racionais ou passionais.

Com o salvo conduto da incoerência – e se você discordar, pode comentar o post depois – acho que dizer que todo nosso elenco não presta seria um exagero, mas a verdade é que não temos um bom elenco. No time titular, temos boas peças que fazem ou poderiam fazer a diferença. Mas há as perebas, cujas peças de reposição são piores ainda. Fica difícil pra deixar, ao menos, um time arrumado. Aí passamos a depdender dos lampejos dos que sabem jogar bola.

Ontem, tivemos um exemplo disso. Nossos homens de frente garantiram a vitória, frente a fragilidade da defesa adversária, mas a nossa frágil defesa poderia botar tudo a perder novamente, como vimos logo no primeiro lance do jogo. Não foi uma atuação brilhante, mas foi o suficiente pra não sermos ameaçados. As jogadas do Tolói, Paulo Miranda e Reinaldo Tiririca davam muito mais sustos.

Outro resultado que não fosse nossa vitória ontem fariam ecoar ainda mais as opiniões passionais e não dariam muita sustentabilidade as vozes da razão.

As peças são essas e dificilmente chegará mais alguém. Se o time não tomar o seu norte, continuaremos a ouvir e emitir diversas opiniões, sem saber se estamos sendo muito sensatos. Sem saber o que esperar desse time no restante do campeonato, recheado de outros times que também vivem o drama de não ter um bom elenco, mas com um outro se destacando justamente por reconhecerem isso e se organizarem da melhor maneira possível.

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Apesar do aumento do preço das arquibancadas, bom público ontem no Morumbi (29 mil pessoas).
Pelo horário, pela data (dia dos pais), pela parcial de vendas durante a semana e pelos últimos resultados eu esperava bem menos.

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Kaká foi mais discreto em seu retorno ao Morumbi do que em sua reestreia no SPFC, em Goiânia. Mas deu pra perceber como joga fácil aqui no Brasil, lugar cujo nível técnico deixa a desejar há tempos.

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A “super lua” é a de baixo. Na foto que ilustra o nosso post ela tá bem mais bonitona.

Mal estar

07/08/2014

A expectativa de muitos que compareceram ao Morumbi no último sábado era ver a reestreia do Kaká no Morumbi. Muitos ingressos vendidos antecipadamente, mesmo com o boato que ele poderia não jogar, devido uma pancada que sofreu no jogo em Goiânia.

Um dia antes da peleja, o departamento médico vetou a presença dele. Tarde demais para quem comprou ingressos só para vê-lo novamente vestindo Nossa Camisa no Morumbi. Seria legal vê-lo no Morumbi de novo, mas pra mim, seria só mais um jogo, um passo mais nessa via crucis. Seria.

A caminho do Morumbi, tive um mal estar. O mesmo que tive um dia antes no horário do almoço. O mal estar passava e voltava. Até tentei entrar no Morumbi, chegamos até a porta, mas não deu. O medo de acontecer algo pior falou mais alto e fomos ao hospital. Enfim, está tudo bem agora.

Tal como este que escreve aqui, o time também parece padecer de um mal estar, mas duradouro. Nem quando ganhou do Bragantino, no meio da semana, nos convenceu. No sábado, o Criciúma veio bem desfalcado e parecia presa fácil. Como não cheguei a ver nem os melhores momentos, não sei o que o time catarinense fez pra sair com o empate do Morumbi ou o que nós não fizemos. Mas passar mais um ano sem ganhar dos caras em casa não é algo a ser considerado normal.

A cada jogo, não enxergo perspectiva nenhuma de melhora. Nem dentro, nem fora de campo. Não dá pra ter certeza se, no próximo jogo em casa, a gente recupera a saúde ou continuaremos com esse mal estar incômodo.

Do meu mal estar ainda estou cuidando. Parece que tem a ver com esse tempo seco que faz em SP.

Se o SPFC quer melhorar, eu não sei, mas eu quero e tô cuidando disso. =)